Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco fez nesta quarta-feira um apelo para que as nações "abram seus corações e abram suas portas" aos imigrantes, dizendo que aqueles que esperam nas fronteiras fechadas da Europa, expostos ao frio e à chuva, estão sendo levados a se sentir exilados abandonados por Deus.
Mais de 1.1 milhão de imigrantes em fuga de guerras e de países em crise rumaram para a União Europeia em 2015, e o influxo continua, levando Estados localizados ao longo do principal corredor imigratório através dos Bálcãs rumo ao norte da UE a fecharem suas divisas, deixando milhares de pessoas retidas na Grécia.
"Quantos de nossos irmãos hoje em dia estão vivendo uma situação real e dramática de exílio, longe de sua terra natal? Em seus olhos eles ainda têm as ruínas de seus lares", disse Francisco a dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça São Pedro, em Roma.
"Eles têm medo no coração e infelizmente, muitas vezes, a dor de ter perdido entes queridos", afirmou o pontífice, que fez da defesa dos imigrantes uma das principais plataformas de seu papado de três anos, improvisando sua fala na maior parte do tempo.
A Macedônia enviou 1.500 imigrantes de volta à Grécia por caminhão depois que estes abriram caminho pela fronteira entre os dois países à força nesta semana, quando imagens de imigrantes exaustos atravessando um córrego de águas fortes no frio inundaram os jornais italianos.
"Hoje os imigrantes estão sofrendo ao relento, sem comida, e não podem entrar. Não se sentem bem-vindos", disse o papa, louvando "as nações e os líderes que abrem seus corações e abrem suas portas".
"Como é possível que tanto sofrimento acometa homens, mulheres e crianças inocentes?... eles estão na fronteira porque tantas portas e tantos corações estão fechados".
As duas paróquias dentro dos muros do Vaticano estão abrigando uma família de refugiados cada, uma delas vinda da Síria.
Os esforços da UE para firmar um acordo com a Turquia e deter a onda imigratória daquele país para a Europa, em troca de recompensas políticas e econômicas, se deparou com um obstáculo na terça-feira, quando o Chipre, que é membro do bloco, bloqueou sua aprovação em uma votação a menos que Ancara reconheça seu status como nação.